Saudade das contradições todas, da bagunça, do caos. Traga-me a intensidade dos problemas sem solução.
Do vermelho, da música que alimenta. Do alimento.
Dos 5 minutos felizes aqui ou alí. Do choque, do caos. Roubaram a TV da caixa do supermercado. Mas lá fora estava sol.
Saudade de acordar, de abrir a janela pro azul.
Saudade das cores e sabores, mosaicos de feijão com arroz.
Cores, contrastes, plantas de sol e calor.
Daquele antúrio vermelho da vovó que mamãe agora resolveu plantar na sala do apartamento.
Nas minhas aspirações infundadas. Dos meus sonhos tolos.
Nem que seja apenas um cachorro, um quintal e uma varanda com mesa, com antúrio.
Pra poder sair descalça na rua e sentir o calor brando e ascendente do começo da noite, ao despedir-se de uma visita qualquer. Ter visitas.
Pra poder me reencontrar com a única língua que me inspira poesia.
Pra ver envelhecer e crescer juntos aqueles que mais amo.
Volto pra poder sentir mais, só pra isso. Pra acordar desse culto constante às saudades, des-exilar-me.
Amor, calor, revolta, por que não?
Pra sentir.