Volto

Volto seguindo anseios do coração

Não dá mais pra fugir. Fingir que não vejo essas faltas todas.

Deixei sonhos e amigos, deixei um lugar bom de pessoas boas, mas finalmente me reencontro e, nesse momento, sinto paz.

O exílio pandêmico tirou muito de mim, foi um pouco além.

Três natais são natais demais.

Gravidez, parto e puerpério. Estar só num quarto de hospital com uma filha recém parida me trouxe mais questões do que respostas. Vulnerável. Penso em cada uma das decisões que me levaram até ali.

Filhos sem os seus, os meus. Uma dor que eu carreguei por tempo demais. O peso de uma decisão só minha. As crianças crescem, os velhos envelhecem e passamos a morar nessas ausências. O que mais é a vida além desses momentos e abraços?

Volto pra me reencontrar com aquilo que me levou pra tão longe, mas também com aquilo que sempre me leva de volta. Volto porque a deriva também nos guia. Voltar requer mais coragem que partir. Humildade, apreensão. Volto para uma ilusão criada em noites frias? uma pintura da saudade que insisti demais em apreciar?

Se tudo que me levou pra tão longe foi um erro? não foi. Volto apenas porque tive a chance de ir, volto apenas porque tenho a sorte de ainda poder voltar.

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